E a cura para o lúpus?

O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença causada por um descontrole do nosso sistema imunológico. Em pessoas saudáveis o nosso sistema imune serve para reconhecer e destruir agentes causadores de infecções como vírus e bactérias. Em pacientes com lúpus o que ocorre é que o sistema imune passa a reconhecer e atacar erroneamente estruturas celulares próprias. Isso leva a um processo inflamatório que pode afetar qualquer órgão do nosso corpo (pele, articulações, rins, células do sangue, etc.) e o linfócito T parece ser o protagonista dessa desregulação autoimune.
Recentemente foram publicadas algumas manchetes anunciando uma suposta cura para o lúpus. Todas se referem a um estudo publicado pela revista Science Translational Medicine, onde pesquisadores da Florida descobriram que a combinação de 2 drogas (a metformina e a 2-deoxy-D-glucose) é capaz de controlar as manifestações do lúpus em camundongos experimentais.
Fisiologicamente, a dupla inibição de vias metabólicas (glicólise e metabolismo mitocondrial) pelas medicações é capaz de controlar a hiper-reatividade dos linfócitos T, normalizando a produção de mediadores de inflamação tanto in vitro como nos camundongos. O estudo é promissor, porém ainda experimental. Nenhum estudo foi feito em humanos, para determinar eficácia e efeitos adversos desse possível tratamento.
Devemos ter cautela quando falamos em cura. Atualmente ainda não existe cura para o lúpus. Entretanto, diversas medicações imunomoduladoras e imunossupressoras podem ser utilizadas para o seu controle e tratamento. A maioria dos pacientes respondem bem às medicações e podem levar uma vida normal desde que a doença seja cuidadosamente monitorada e o tratamento ajustado sempre que necessário.
Apesar da reumatologia ser uma área relativamente recente da medicina, avançamos muito nos últimos anos. Existem diversos estudos promissores pesquisando novos medicamentos. Enquanto a cura não chega, o importante é manter-se atualizado sobre as melhores opções terapêuticas disponíveis.

Dra. Michelle Ugolini Lopes